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O seguinte artigo de opinião foi publicado originalmente na Human Resources Portugal. É de autoria de Joana Tavares, Career and Talent Specialist na Bee Engineering.
No ano de 2020 fomos confrontados com uma realidade nunca antes testemunhada, criada pelo aparecimento de uma pandemia. Este contexto, veio criar novas dinâmicas em todo o mercado de trabalho, afectando todas as empresas nas mais variadas áreas e sectores, bem como nas formas de trabalho.
No que diz respeito ao recrutamento no contexto das empresas, a pandemia obrigou a rápidas adaptações a uma nova realidade, quer da parte dos recrutadores quer da parte dos candidatos.
Agilidade e adaptação no Processo de Recrutamento
Relativamente aos processos de recrutamento, relevou-se ser necessário uma rápida adaptação a uma nova forma de trabalho, com a implementação de métodos de recrutamento totalmente online, desde o primeiro contacto com o candidato até à integração na empresa e posterior acompanhamento.
Este processo trouxe igualmente alguns desafios, nomeadamente na avaliação das soft skills e na conexão que é necessário criar entre o entrevistador e o candidato, com as dificuldades inerentes a uma comunicação à distância e um contacto pessoal mais reduzido.
No entanto trouxe também muitos pontos positivos. Os processos de recrutamentos/entrevistas tornaram-se mais ágeis e criou uma maior disponibilidade horária quer do lado do recrutador quer do lado do candidato, obtendo-se assim ganhos de tempo e eficiência. O facto de, por exemplo, o candidato poder realizar a sua entrevista no seu próprio espaço, também permite reduzir níveis de ansiedade e stress permitindo que este demonstre com uma maior facilidade as suas mais valias.
Devido à rápida adaptação de ambas as partes, recrutadores e candidatos, é também previsível que este tipo de processo fique implementado e se torne cada vez mais recorrente, funcionando lado a lado com um processo mais tradicional/ presencial.
Uma das alterações que a pandemia também trouxe de forma transversal em todo o mercado de trabalho, e que se tornou bastante comum no último ano foi o surgimento e prevalência do teletrabalho.
Valorização do Teletrabalho
A valorização que o teletrabalho tem tido, obrigou igualmente a que os recrutadores idealizem novas formas de avaliação de soft-skills dos candidatos essenciais nesta situação. Nestes, é hoje mais valorizado que os mesmos demonstrem, por exemplo, uma maior capacidade de empatia, criatividade e boa comunicação.
Aos recrutadores é hoje ainda mais fundamental a avaliação destas mesmas soft skills e que permitam identificar se um candidato, por exemplo, demonstra capacidades para realizar melhor o seu trabalho à distância.
Após a fase do processo de recrutamento, também a fase do próprio teletrabalho foi afetada. O homeoffice, como é também muitas vezes designado, veio tornar-se dominante e é já hoje um dos aspetos cada vez mais valorizado pela maior parte dos candidatos e atuais colaboradores.
É hoje comum, que nos processos de recrutamento, esta seja uma das questões mais colocadas pelos candidatos, e que se tem revelado com um dos aspetos sobre o qual os candidatos mais curiosidade e interesse demonstram, notando-se por parte dos mesmos que este é um dos métodos de trabalho que desejam manter.
Esta valorização do teletrabalho é também comprovada, por uma rápida sondagem que realizei entre os meus contactos da rede social Linkedin, onde num universo de cerca de 4600 respostas de pessoas 95%, demonstram uma preferência por um cenário com teletrabalho, e onde apenas 5% demonstram preferência por um cenário de trabalho totalmente presencial.
É também de realçar, que cerca de 42%, optariam por um cenário maioritariamente remoto, com deslocações ocasionais.
Desafios futuros
Houve um leque de desafios a todos os intervenientes num processo de recrutamento. Como recrutadores, tivemos que nos adaptar a uma nova realidade e damos hoje uma maior preponderância a novas formas de atração de talento, com processos de recrutamento e on-boarding totalmente digitais e valorização de soft skills direcionadas para um mundo onde a comunicação é cada vez mais efetuada de forma digital.
Assim sendo, porque não aproveitar as alterações de paradigmas em curso e reforçar os novos aspectos mais valorizados pelos candidatos?
Porque não escolher um modelo de trabalho que se adapte não só às necessidades da empresa, mas principalmente um que se torne mais motivador para os colaboradores de modo a manter o compromisso e a sua motivação no trabalho e que seja atrativo para futuros candidatos? Tornar esta decisão mais flexível e da escolha de cada um, será algo fundamental a considerar para as carreiras em tecnologias do futuro.